A Revista Webdesign deste mês traz um tópico que me muito me interessa: a utilização de redes sociais na pesquisa de design. Já havia falado em algumas palestras do método de "etnografia virtual", mas como minha participação na matéria se limitava a um comentário curto, falei em termos genéricos.
A tecnologia é criada pela sociedade para suportar ou estender suas atividades, mas fazendo isto, modifica as interações entre os membros da sociedade. A fofoca já existia antes do Orkut, mas estava restrita a ambientes particulares. O Orkut permitiu que a fofoca ocupasse espaços públicos, como os livros de recados. Quando alguns usuários começaram a se incomodar com isso, o Orkut foi pressionado a oferecer a opção de tornar o livro de recados particular ou restrito a amigos.
O interessante para nós, designers, é que essa dinâmica fica registrada, disponível para consulta e até mesmo nossa participação. Navegando pelo Orkut, podemos compreender muitas questões sociais tais como motivação, identidade, cultura, espaço e tempo, coordenação e aprendizado. Se antes era necessário visitar lares para estudar os costumes culinários de seus moradores, agora podemos descobrir muita coisa acessando comunidades como “Sou fresco(a) com comida” ou “Moro sozinho e cozinho feijão!”.
Entretanto, é preciso interpretar os dados com cautela. Se alguém diz na comunidade que come feijão todo dia, não quer dizer que ela realmente faça isso. As pessoas se apropriam da virtualidade, muitas vezes, para experimentar diferentes identidades. A fala deve ser interpretada não como um relato fiel da realidade, mas sim como um ato social visando efeitos. Por isso é importante aproveitar as possibilidades de interação que a rede oferece e participar das atividades. A compreensão de um ato para quem está fora é muito diferente de quem está dentro. Contexto continua sendo crucial em pesquisa social.
Fred van Amstel (fred@usabilidoido.com.br), 06.05.2008
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