No final deste ano, o Usabilidoido vai fazer 8 anos. Minha intenção inicial era compartilhar o que estava estudando sobre o que eu chamava na época de design de hipermídia. Eu trabalhava fazendo websites e animações em Flash e, nas empresas em que eu trabalhava, não haviam cursos nem colegas que soubessem mais do que eu. Tive que aprender sozinho, ou melhor, sozinho não. Aprendi muito com outros profissionais que compartilhavam suas experiências em fóruns como o MUGB e o Flashmasters.
O mínimo que eu podia fazer para retribuir toda a ajuda que tinha era ajudar quem sabia menos do que eu. Pedi demissão quando a agência onde eu trabalhava me proibiu de fazer isso. Cheguei à conclusão (óbvia) de que as agências de publicidade não estão interessadas em trocas justas com a sociedade.
Nessa época, já tinha ampliado meus estudos para além do Flash e decidi seguir carreira solo como consultor de Usabilidade. Isso me deu mais tempo para blogar e pesquisar. Quanto mais conhecimento eu compartilhava no blog, mais clientes eu tinha. Nunca precisei me preocupar com prospecção.
Eu não entendia como as empresas não seguiam modelos de negócio similares. Me parecia tão mais lógico e justo começar agregando e não extraindo valor da sociedade. Um pouco pela minha frustração com o mercado, decidi fazer um Mestrado.
No Mestrado, aprendi muito sobre modelos de negócio e sociedade alternativos, como o Software Livre e o Design Participativo. Fiquei sabendo que em outros países a democracia está bem mais ligada ao cotidiano. Além dos colegas do PPGTE, tive excelentes discussões com leitores aqui no blog: Hugo Cristo sobre onde começa o projeto, José Pirauá sobre a morte do designer, Luciano Lobato sobre design e comportamento e outros.
As discussões e incursões teóricas do mestrado eram bacanas, mas sentia falta de colocar em prática as novas idéias, enfim, de desenvolver projetos. A primeira idéia foi criar um curso de pós-graduação e desenvolver projetos com os alunos, mas quando me juntei a Érico Fileno, Leandro Henrique de Sousa, Gonçalo Ferraz, Renato Tardin da Costa e Rodrigo Scama, vislumbramos muito mais do que um curso. A apresentação abaixo foi o material da discussão do que viria a se tornar mais tarde o Instituto Faber-Ludens.
Acreditamos juntos que o Instituto poderia conectar mercado, academia e comunidade, facilitando a troca de informações e potencializando o conhecimento. Primeiro conectamos a comunidade através da lista DesInterac, depois, a academia com a Pós-graduação em Design de Interação e, mais recentemente, abrimos um escritório de consultoria para o mercado.
Todos os projetos desenvolvidos pelos alunos e pesquisadores do Instituto são divulgados em seu website. Tentamos ao máximo disponibilizar o conhecimento gerado para quem não pôde participar dos projetos. Atualmente temos 181 projetos publicados! Alguns projetos até ofereciam a possibilidade de participação através das ferramentas do site por pessoas que não podiam participar presencialmente, mas infelizmente essa opção só foi usada por alunos vinculados ao Instituto.
No final de 2010, tive uma série de discussões interessantes com Rodrigo Gonzatto, um dos primeiros formados pela nossa pós-graduação, sobre como deixar claro que não-alunos e mesmo empresas poderiam participar dos projetos e aprender juntos. Chegamos à conclusão de que precisávamos de um nome para isso. Inspirados no Software Livre, chamamos o modelo de Design Livre. O Gonzatto deu uma palestra muito bacana sobre o assunto no Intercon 2011.
Depois, veio a idéia de criar um site separado do Instituto para abrigar esse tipo de projeto, para que ficasse claro que não era necessário ser aluno ou pesquisador do Instituto para participar. Fui a São Paulo e conversei com algumas empresas sobre parcerias para o novo site. Fomos super bem recebidos na Locaweb pelo Rene de Paula Jr, que ficou tão empolgado com a idéia que gravou um videocast.
No início de 2011, com o apoio da Locaweb, lançamos o Corais, uma plataforma para desenvolvimento de projetos colaborativos aberta a qualquer indivíduo ou organização interessada em compartilhar conhecimentos.
A plataforma ainda está em clima de beta, mas já tem alguns projetos sendo desenvolvidos lá. Dentre eles, destaco o UXCards, um baralho de cards que ajuda a planejar projetos focados em Experiência do Usuário. No vídeo abaixo mostro um protótipo dos cards:
Qualquer pessoa pode participar desse projeto, basta se registrar no site e entrar no projeto. Dá pra votar nas decisões de layout, sugerir novos formatos, baixar os arquivos fontes, imprimir, fazer testes e reportar para a comunidade. Quando o projeto estiver pronto pra produção, os arquivos fonte continuarão disponíveis para quem quiser imprimir na gráfica mais próxima.
E qual a vantagem de participar?
Neste momento, como descrevi no último post, estou fazendo doutorado na Holanda e pesquisando referências para o assunto. Também estou conhecendo pessoas e apresentando o que temos feito de Design Livre no Brasil. Os europeus estão achando muito interessante. Creio que esta saga não vai terminar tão cedo! Você deseja fazer parte? Junte-se a nós!
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Show de bola.
De fato, sua disposição em compartilhar seus conhecimentos e experiências, ajudaram demais na minha monografia em 2006 (Design instrucional aplicado na construção de uma plataforma para EAD).
E desde então, apesar de nunca ter comentado em nenhum "post", acompanho sempre.
Só tenho a agradecer. ;)
Olá ! Fred bom ter caido nesse site, sou graduando em SI e nesse ano quase fiz o curso de Designer de Interação da Faber, mas preciso me formar porque vejo que o meio acadêmico tradicional não é o meu lugar.
Tenho que estudar muito e muitas coisas que não estão na faculdade, ou não no meu tempo.
Eu tenho um jogo na cabeça usando interação, computação visual e outras tecnicas como teoria das cores e semiotica.
Dai cai aqui, Vamos lá ! Como participar desse projeto já que eu posso ajudar e ele me ajudaria?
Vamos pensar no seguinte para aprimorar esse Jogo.
Um dominó usa regra de numeros e cores para dizer a ordem e as possibilidades de conexão.
Um quebra cabeça uma imagem visual, cores e encaixes padronizados.
talvez usar isso aprimoraria o relacionamento entre as cartas, o uso de cores e de encaixes.
Em breve estarei mais presente entre o meio dos curiosos livres.
Abraços
Ah coloca o link do Coragem.org aqui ! Inté mais.
Webert, a idéia do dominó é boa hein? Mas temos que pensar como adaptá-la para esse contexto. Compatibilidade por números é complicado se a natureza da informação, dos inputs/outputs, não é quantitativa. Mas por cor e forma é bem possível. Haveria que criar uma classificação abrangente de tipos de inputs/outputs e aí definir uma cor ou forma para cada um deles.
Mas essa conversa vai ficar melhor se for lá no site do projeto, onde os outros participantes podem continuar: http://corais.org/cards
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