Durante o planejamento de um website, é consenso definir público-alvo. Método interessante é através de alguns modelos possíveis de usuários (personas). Um site de produtos de limpeza poderia ter uma dona de casa em busca do serviço de atendimento ao consumidor, um representante comercial em busca de formulário de pedidos e etc. Então, confere-se se é possível que algum membro do público-alvo não disponha do aparato tecnológico necessário para usar o site.
O Macromedia Flash requer considerar: plugin, conexão, processamento e, o mais importante, experiência de navegação do usuário. Um site 100% Flash requer audiência qualificada, capaz de descobrir onde clicar se nada se parece com botões ou links, que não ficaria desesperada se clicasse o botão "voltar" do navegador e, inesperadamente, caísse em outro site.
Se depois de você passar por essa difícil decisão e ter certeza de que vale à pena usar Flash, escolha a sua versão. Quanto mais antiga, maior chance de ter instalado no computador do usuário.
A versão 4 está presente em 98% dos browsers, segundo uma antiga pesquisa da Macromedia. Embora a versão 6 MX ofereça novos recursos, a procura pelo download não foi tão grande quanto a da versão 5 - a que oferece hoje o melhor balanço entre recursos e distribuição de plugin. Isso aconteceu porque a maioria dos usuários pegou o plugin 5 na carona da atualização do Internet Explorer.
É difícil alguém se dar ao luxo de esperar quase 10 minutos (conexão discada) para instalar o plugin sem saber exatamente o que ele pode oferecer (a tela de instalação padrão do browser não é nada promocional e os sites que pedem o plugin também não explicam as vantagens de instalar). Então, se a Microsoft só lançar o novo Internet Explorer daqui há 2 anos, como dizem os rumores, nada de sair por aí exigindo o novíssimo plugin 7 a torto e a direito.
É muito comum ver sites exigindo o plugin mais atual desnecessariamente. Boa parte do que é produzido em Flash pode ser distribuído na versão 4. Isso acontece só por desleixo da equipe de desenvolvimento.
Outro fator desconsiderado é que a exibição de animações e interfaces complexas exigem alta capacidade de processamento. Um processador de 400 Mhz já apresenta graves problemas para o usuário, especialmente se ele tiver várias janelas abertas.
No entanto, a maior preocupação com relação ao Flash é o problema que fica mais visível: demora no carregamento. Eu costumo dizer para clientes que ninguém espera mais que 10 segundos na frente da tela do computador sem interagir. Claro que as coisas não são estanques assim. Então, mantenha o donwload de uma arquivo em Flash em até 150Kb, mostre uma clara barra de carregamento (sem informações demais) e apresente algum joguinho leve para entreter os usuários mais pacientes (aqueles que não sabem que podem navegar em outras janelas enquanto isso).
Muita gente cai no erro de seccionar o Flash em vários arquivos separados. Para quê fazer isso, se o Flash suporta fluxo de dados (streaming - mostrar conteúdo à medida que carrega)? Basta saber controlá-lo. Essa prática errada aumenta o tempo de download porque gera alguns Kbytes a mais para cada arquivo SWF (cabeçalhos do próprio SWF e da conexão HTTP). Quem já experimentou baixar vários arquivos ao mesmo tempo numa conexão discada sabe o que estou falando.
Então, podemos chegar a seguinte conclusão da realidade brasileira: o plugin mais atual não está instalado na maioria das máquinas, a conexão discada predomina e o hardware não é grandes coisa. Se as escolhas de usar Flash podem excluir 10% da audiência de um site, então considere que excluirá 10% do seu retorno financeiro. Isso é um desperdício considerável.
No próximo artigo continuarei a explicar como usar o Flash, focando no conteúdo gerado.
* Frederick van Amstel é webdesigner e jornalista da comunidade FlashMasters.