Eu defino usabilidade como a facilidade de uso de um produto. Se um produto é fácil de usar, o usuário aprende mais rápido a usar, memoriza as operações e comete menos erros. Já se um produto é difícil de usar, o usuário demora mais pra aprender a usar, esquece o que fez e comete mais erros.
Apesar de usabilidade ser importante, usabilidade não é tudo. Existem outros aspectos que contribuem para o valor de uso de um produto: a utilidade e o significado do produto, o afeto que o produto representa, a fruição estética de contemplar o produto, a relação social que o produto media e a sustentabilidade ambiental.
A diferença entre usabilidade e esses fatores é que a usabilidade pode ser medida e projetada com certo grau de confiabilidade, enquanto os demais não. Devido ao grande esforço de pesquisa nas áreas de ergonomia, interação humano-computador e engenharia da usabilidade nós sabemos como medir a usabilidade de um produto através de métricas como eficácia, eficiência e satisfação. Existem métodos comprovados para isso: teste de usabilidade, avaliação heurística e listas de verificação (checklists).
Esses métodos são capazes de oferecer resultados relacionados à lucratividade de um produto. Embora não haja uma relação direta entre o tanto de dinheiro investido na usabilidade e o tanto de dinheiro amealhado com o produto, o retorno do investimento é concreto o suficiente para que homens de negócio entendam.
Os demais aspectos do valor de uso ainda não foram estudados a ponto de oferecer métodos tão práticos. Nas minhas pesquisas desenvolvi alguns métodos alternativos: o perfil semiótico para expectativas estéticas, a modelagem de emoções para o afeto e a análise cognitiva para o aprendizado. Porém, esses métodos não produzem resultados que possam ser quantificados.
A vantagem (e a desvantagem) da usabilidade é que trata-se de um valor de uso transformado num valor de troca. Como expliquei num outro post:
A Apple transformou a usabilidade de seus produtos num valor de troca, numa imagem que é utilizada para vender mais e mais equipamentos. As pessoas pagam mais caro pelos produtos Apple do que pelos concorrentes porque acreditam que terá um maior valor de uso. De fato, a usabilidade dos produtos Apple ainda é superior, mas esse é apenas um dos aspectos do valor de uso. A qualidade de vida, a sustentabilidade e a responsabilidade social são deixadas em segundo plano.
Os produtos Apple são mais fáceis de usar, o usuário aprende mais rápido a usar, memoriza as operações e comete menos erros, porém, também aumentam a desigualdade social e destroem o meio ambiente.
A usabilidade vira fator de competividade quando o mercado de tecnologia está nas fases finais da inovação qualitativa. Depois disso, só resta criar um novo mercado, um novo produto, uma nova proposta de valor. Nesse recomeço, a usabilidade é muito menos importante do que utilidade, significado, afeto, estética, socialidade e sustentabilidade. Estes aspectos possuem um potentical de disrupção muito maior do que a usabilidade, que serve para aumentar o valor de troca de um produto em relação a uma concorrência existente. Como diz o Alan Cooper, se o urso do artista de rua dança mal ninguém nota porque pelo menos o bicho dança!
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