Acabei de ler esse artigo escrito pela portuguesa Ivone Ferreira que postula que as imagens tem papel preponderante no estímulo de emoções. Apelando para a emoção, conseguimos persuadir o consumidor a comprar uma idéia, um produto. Assim, ela conclui que "a visão global da página irá afectar mais intensamente o sujeito do queum texto longo que descreve as qualidades de algo."
Para se sustentar, ela cita a pesquisa do neurocirurgião Antônio Damásio:
As imagens não são armazenadas sob a forma de frames de coisas, acontecimentos ou palavras. O nosso cérebro não arquiva fotografias de pessoas nem armazena filmes de cenas da nossa vida; não retém cartões salva-vidas como usam os apresentadores de televisão. Não, o nosso cérebro faz, antes, uma interpretação, uma nova versão reconstruída do original. Temos no entanto a sensação de que podemos evocar nos olhos ou ouvidos da nossa mente, imagens aproximadas daquilo que experienciámos anteriormente. Elas podem ser sonoras ou visuais, tactéis, gostativas ou olfactivas mas são predominantemente visuais.Isso explica o fato dos meus entrevistados terem uma lembrança distorcida do esquema de cores do site da UFPR. Esse fenômeno pode ser aproveitado para criar a impressão de que algo é melhor do que parece através de imagens. Enfim, é o que a publicidade vem fazendo há séculos. Trazendo isso para o design de websites, ela diz:
Uma vez que o contacto que o homem actual tem com
a internet é essencialmente visual, através da imagem que aparece no ecrã, parece ter coerência prestar atenção a um discurso que procura convencer pela imagem. A impressão que guardamos de um site é essencialmente uma imagem de um todo global, da aparência de uma estrutura visual. É essa imagem
que vamos guardar, a visual.O design fornece-nos uma espécie de primeira impressão, à semelhança do que acontece quando vemos alguém pela primeira vez e reparamos para na sua aparência: podemos amá-la ou detestá-la. A página deve ser, por isso, algo agradável de ver, com efeitos visuais adequados à transmissão do conteúdo.
Apesar de concordar com ela que a imagem tem papel essencial no discurso persuasivo ("a primeira impressão é a que fica"), discordo quando ela diz que a imagem é mais importante do que o texto para criar emoção. O texto é que dá a sequência, que traz a dimensão do tempo para a experiência do website. Sem tempo, não há ações, não há compras. A imagem sozinha é pura contemplação, mais nada.
Apesar do fluxo de som ainda ser deficiente na Web, foi falha grave não citar a importância do som na incitação de emoções. Costumo dizer aos meus amigos da Lifemotion: "acreditem ou não, o som é o grande diferencial do trabalho de vocês".
Ontem conheci um trabalho recente da 2avanced, o site do novo filme do Exorcista. Fiquei frustrado. Imagens fantásticas, sequências de vídeo em 3D super-pesadas, mas som fraquíssimo. Gastaram banda com o elemento errado para esse tema. Em algum momento você mijou nas calças? Levemente assustado? Eu nem um pouco.
Podiam ter feito uma apresentação menos luxuosa usando vetores e apostado as fichas num som mais assustador! O site do jogo Gosth Hunter é parecido, mas usa muito melhor o som. Aliás, não é só o som... Esse site é exemplo de como todas as facetas de uma boa experiência estão bem desenvolvidas:
No final das contas, todos esses elementos confluem para um único objetivo: fazer o internauta se sentir dentro do jogo e persuadí-lo a comprá-lo. Essa é a solução: a visão holística, que considera todos os lados da moeda. Por isso, uma equipe multi-disciplinar tem mais chance de ter sucesso. Ainda mais, se dentro dessa equipe existem profissionais multi-disciplinares. Aqueles que estudam não só design, mas marketing, comunicação social, arquitetura da informação e tudo o mais que gostarem.
Fred van Amstel (fred@usabilidoido.com.br), 15.07.2004
Veja os coment?rios neste endere?o:
http://www.usabilidoido.com.br/use_a_emocao_para_persuadir.html