Surrealidade e Realidade Aumentada

Minha terceira aula de Fundamentos em Design de Interação foi profunda. Começamos com o problema básico da Filosofia: a relação entre o homem e o mundo. Existem basicamente três explicações possíveis: a realidade são as idéias (idealismo), a realidade é a matéria (materialismo) ou a realidade é um produto da interação entre o homem e o mundo (fenomenologia). Seguindo essa terceira via, distinguimos diferentes tipos de mediações que os artefatos podem desempenhar, transformando a percepção do mundo (realidade subjetiva). A base é o livro What Things Do, indicado pelo Dan Saffer como uma interessante abordagem filosófica ao Design.

Surrealidade e Realidade Aumentada [MP3] 1h43m - 66 mb

Como exemplo, discutimos o Projeto Placebo de Anthony Dunne e Fiona Raby, que usa produtos eletrônicos como forma de promover reflexão sobre campos eletromagnéticos. A surrealidade cria um distanciamento entre as pessoas e os objetos, fazendo-as ver relações de afeto e dependência que nunca tinham notado.

Projeto Placebo [MOV] 22min 21mb

Na outra ponta, existe a Realidade Virtual, que propõe um mundo das idéias perfeito e controlado. De uma forma mais bem humorada do que no filme O Passageiro do Futuro, alunos da Carnegie Mellon relembram de antigos jogos da Nintendo e alertam para os "perigos" da realidade virtual nesse vídeo:

Por essas e outras a Realidade Virtual está dando lugar a Realidade Aumentada que, ao invés de substituir o mundo onde vivemos, oferecer ferramentas para aumentar nossas capacidades de interação com ele.

A BMW montou um cenário fictício de aplicação de realidade aumentada para auxiliar (ou engessar) reparos em automóveis.

Em São Paulo, GPS que ditam o caminho e mostram mapas em 3 dimensões já são comuns. De carona no sucesso, saca só a propaganda:

Na Alemanha, os GPS com voz feminina que vinham nos carros da Volvo sofreram Recall para mudar para voz masculina. Os alemães não se sentiam confortáveis para receber ordens de mulheres. Tecnologia também pode ser machista, ou racista.

Depois da aula, os alunos estudaram produtos que alteram nossa percepção de realidade no dia-a-dia sem percebemos. Luis Felipe descobriu que algumas pessoas consideram o ritual de tomar banho praticamente uma meditação, enquanto Guilherme Silveira constatou que as pessoas só se dão conta de seus aparelhos de som quando eles dão problema.

Fred van Amstel (fred@usabilidoido.com.br), 31.07.2008

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