Planeta Proibido

Uma nave espacial chega ao planeta Altair IV com o objetivo de resgatar um grupo de cientistas colonizadores que lá haviam aterrado vinte anos antes e que nunca tinham dado notícias à Terra. São estranhamente recebidos com insatisfação pelo Dr. Edward Morbius e pela sua filha Alta, os únicos humanos ainda vivos. 

Morbius e sua filha viviam num paraíso científico. Uma casa automatizada, zoológico no jardim, comida farta e um robô ajudante chamado Robby. Devido ao seu jeito desengonçado e personalidade excessivamente imparcial, Robby tornou-se um personagem tão famoso que acabou sendo reproduzido em outros filmes, que nada tinham a ver com o Planeta Proibido.

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Apesar de apenas responder a comandos de voz, Robby tinha um certo senso de humor seco, provavelmente, herdado de seu criador, o Dr. Morbius:

- Você é macho ou fêmea?

- No meu caso, isto não faz a mínima diferença.

O robô era equipado com lasers e campos de força que o tornava também um segurança muito eficaz. Questionado sobre o perigo que representaria caso se voltasse contra os seres-humanos, o Dr Morbius demonstrou que o robô estava programado para que não machucasse qualquer ser humano, a primeira Lei de Assimov.

Dr Morbius criou sua filha para que não tivesse emoções, porém, quando esta tem contato pela primeira vez com homens, as emoções começam a aparecer. Criticada por não se dar conta de estar seduzindo os tripulantes da nave com seus trajes, Alta desenvolve afeto pelo comandante da nave e, a partir daí, toma o papel de pobre donzela que precisa ser levada embora das condições pobres donde cresceu. Nesse caso, a pobreza era a pobreza afetiva.

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O próprio Morbius acreditava ter superado o afeto através da racionalidade, porém, suas emoções haviam sido guardadas no inconsciente e, num determinado ponto do filme, estas emoções saem pra fora e se voltam contra ele próprio, como num surto esquizofrênico.

Apesar de ser um filme sobre ficção científica, está mais para um romance psicológico do que um filme de ação. O ritmo é um tanto quanto lento, mas o suspense consegue fazer o espectador ficar grudado na tela até o final para descobrir o segredo da força invisível que rondava o planeta. Destaque especial para a trilha sonora criada somente com sintetizadores eletrônicos, uma novidade para a época.

O filme faz uma clara desvalorização da Ciência pura em relação à Força Militar. Enquanto a primeira é mostrada como destituída de sentimentos e perigosa, a segunda é afetuosa e transmite segurança. A proposta do filme é que a Ciência trabalhe para a Força Militar, por isso, o comandante insiste tanto em que sejam compartilhados as descobertas de Morbius com o resto da humanidade.

É importante lembrar que este filme foi lançado no início da Guerra Fria, quando o governo americano cortava as verbas para Universidades e forçava os cientistas a trabalharem dentro da Força Militar. O discurso do filme legitima esta mudança.

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Fred van Amstel (fred@usabilidoido.com.br), 06.09.2010

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