Uma das virtudes naturais que admiro nas crianças é a sinceridade. Elas falam sem constrangimento porque ainda não têm noção das consequências complexas que suas falas podem ter.
Isso facilita as coisas para quem está projetando jogos, brinquedos e material didático para crianças. Basta perguntar a elas se elas gostaram e elas dirão sem rodeios o que pensam. Entretanto, o interesse da criança pode ser tão diferente do que você imaginava, que é preciso repensar a base de sua proposta.
Não adianta empurrar algo que a criança não tem interesse. Quem já deu papinha para um bebê sabe que eles cospem na sua cara se insistir! Podemos tentar despertar o interesse, como no velho truque do aviãozinho, mas não ajudará tanto assim. É melhor descobrir os interesses da criança e criar a partir deles.
Propus o seguinte jogo para meu filho. Num lado, três animais, no outro, três falas desses animais. Pedi ao garoto que ligasse uma linha verde entre os animais e suas falas. Eu queria que ele aprendesse a ler as palavras.
Li junto com ele e ele entendeu a proposta, mas resolveu fazer diferente as linhas. Disse pra mim que eram fios elétricos...
Acontece que meu filho tá na fase de descobrir as coisas que estão por trás das coisas e algo que fascina muito ele é a energia elétrica e sua infra-estrutura. Seus brinquedos favoritos, no momento, são as extensões, adaptadores e conectores sobressalentes da casa.
Ignorei esse fato e tentei novamente, dessa vez incorporando a idéia dele do círculo em volta dos elementos.
Novamente ele ficou mais interessado em desenhar fios e alguns aparelhos (em vermelho) do que conhecer as falas dos animais.
Desisti da idéia.
Fiquei pensando num conceito mais complexo do que o Jogo da Fiozeira. Tinha que ser mais desafiador e exigir maior raciocínio. Peguei papel, caneta, barbante e uma tesoura e montei o seguinte protótipo:
O objetivo do jogo é simples: ligar os aparelhos na tomada. O desafio é combinar as extensões com diferentes plugs e comprimentos limitados para que chegue até lá. Aprovado na hora!
Abri o Flash, desenhei os objetos e o menino não parava de pular no meu colo: "Já terminou?" Coitado, acabou dormindo de tanto esperar e eu, de tanto programar, ou melhor, não programar. Na verdade, faz tanto tempo que eu não programo em Actionscript que já esqueci boa parte do que sabia e, para piorar, nesses 3 anos muita coisa mudou.
Então, eu peço a alguma alma caridosa que consiga programar nessa burocracia que é o Actionscript 2.0 (tem que funcionar no player 7.0) para me dar uma forcinha.
No protótipo abaixo, apenas o plug vermelho está ativo, funcionando como deveria. A quantidade de extensões, os tipos de plugs e a existência de benjamins (os conectores de 3 lados) deve ser randômica e, se possível, aumentando progressivamente a cada novo jogo. Inicialmente, as extensões e os conectores devem estar espalhados e desconectados entre si.
O que eu preciso é que alguém pegue o .fla, adicione a lógica do jogo e me envie de volta para os ajustes finais. Contribuições para o conceito também são bem vindas!
plugplug.fla [Flash MX 2004] 480kb
Fred van Amstel (fred@usabilidoido.com.br), 19.06.2007
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