Argumentando em favor da usabilidade

Assim que terminei de ler meu primeiro livro sobre usabilidade, o Homepage: Usabilidade do Nielsen, fiquei todo empolgado para aplicar a "cartilha" no meu trabalho. Em pouco tempo percebi que não era tão fácil quanto o Nielsen falava, as coisas não eram tão simples assim.

"Se o cliente quer a logomarca animada, não dá pra dizer não", dizia o diretor da agência de propaganda em que trabalhava. As poucas palavras que repetia do livro do Nielsen não eram suficientes para convencer o cliente de que essa era uma idéia infeliz.

Tive que desenvolver meu próprio discurso sobre o assunto para poder convencer o pessoal da agência (e consequentemente, os clientes) de que animar a logomarca é chato.

Recebi esses dias um email de um leitor que está numa situação parecida com a que passei e acho interessante compartilhar minha experiência com vocês:

Pergunta

Sou webdesigner há 5 anos e recentemente tenho exercido a função de analista de usabilidade em uma empresa de desenvolvimento. Por enquanto tenho trabalhado apenas com interfaces web e tenho sentido algumas dificuldades quando tenho que explicar algo que foi feito que sei que a usabilidade está correta.

Acho que me falta conceito. Gostaria de contar com sua ajuda para me indicar sites, livros, artigos onde eu possa pegar informações mais conceituais em relação a interface e usabilidade.

Mateus Rocha


Resposta


O que você precisa é desenvolver sua retórica, ou seja, saber desenvolver sua capacidade de convencimento. Se você sabe que está certo, você tem o conceito, só não sabe como defender suas idéias.

Você pode aprender retórica por dois métodos: o analítico e o imitiativo.

O segundo é mais fácil. Basta prestar atenção em como outros profissionais da usabilidade fazem para defender suas idéias e fazer igual. É por esse motivo que temos tantos metidos a Jakob Nielsen por aí a fora. O Nielsen tem boa retórica e todo mundo copia ele sem questionar se ele está certo ou errado.

Te dou o conselho: siga o caminho dele, seu raciocínio, mas não o imite, afinal de contas você nunca será igual ele.

O caminho analítico é mais sofrido, mas é o que o próprio Nielsen passou para chegar onde chegou. Basicamente, você estuda muito sobre o assunto de forma bastante cética, duvidando de tudo o que te dizem. Testa as hipóteses e adquire experiência pessoal sobre o assunto. A partir daí é que você desenvolve seu ponto de vista.

Convencer a si mesmo é a parte mais importante da retórica. Só podemos ser eloquentes em nossos discursos se acreditamos muito no que estamos dizendo.

O caminho que você escolher vai depender de onde você quer chegar.

Fred van Amstel (fred@usabilidoido.com.br), 27.03.2005

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