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Explorando o espaço de possibilidades

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Explorando o espaço de possibilidades

Quando uma pessoa ou equipe projeta um objeto, considera diferentes possibilidades para esse objeto, seja no quesito forma, função ou estrutura. Raramente as pessoas se contentam com a primeira possibilidade considerada e dão prosseguimento no projeto, pois intuem que uma outra possibilidade pode vir a ser melhor do que a que está sendo considerada. O problema é que elas não sabem se vão encontrar outra possibilidade.

É comum o designer pedir tempo extra para pensar num projeto devido à sua própria instatisfação com as possibilidades existentes. Para criar novas possibilidades, o designer quebra a rotina e busca inspiração em outras atividades e lugares incomuns. Isso nem sempre surte efeito por si só, porém, quando o designer volta para o espaço que estava considerando, eureka, uma possibilidade que estava ali escondida aparece como num passe de mágica.

Outra maneira de considerar novas possibilidades é modificar a conjuntura. Ao invés de buscar inspiração, uma pessoa pode ir fisicamente até o espaço e provocar mudanças diretamente para ver o que acontece. Por exemplo, fazer uma ação inesperada num processo rotineiro, falar uma frase sem sentido no meio de uma conversa séria ou colocar um objeto estrambótico num espaço tradicional.

Intervenções desse tipo não devem ser confundidas com as mudanças que o projeto intenciona e sim como instrumentos de revelação de possibilidades escondidas. A reação das pessoas à intervenção pode ou não criar novas possibilidades, dependendo do significado obtido.

Na minha pesquisa de doutorado eu estudei a produção de possibilidades para um projeto como se fosse a produção de um espaço virtual, um espaço de possibilidades. Esse espaço é formado pelas ideias, conceitos, formas imaginadas, problemas, soluções e tudo o mais que as pessoas consideram para um projeto. Um detalhe importante é que esse espaço é objetivo, ou seja, não se trata de um modelo mental do designer, das coisas que uma pessoa ou várias pensam indidivualmente. O espaço de possibilidades diz respeito ao que é considerado, proposto e compartilhado como sendo possível no âmbito de um projeto.

Modelo dialetico espacial

Das possibilidades consideradas, muitas serão materializadas através de esboços, poucas testadas através de protótipos e apenas algumas implementadas como funcionalidades. O espaço de possibilidades possui, portanto, áreas mais bem definidas do que outras, porém, está em constante transformação. O que era uma vaga possibilidade no começo do projeto pode se tornar uma possibilidade viável na metade. Basta que uma possibilidade ligue-se à outra e, assim, justifique sua implementação.

Espaco possibilidades rede

As possibilidades são produzidas, portanto, em rede. Uma possibilidade abre outra possibilidade e assim o espaço de possibilidades é produzido. Entretanto, quanto mais possibilidades consideradas, maior é a chance de se perder no espaço. A dica para se reencontrar é se escorar numa possibilidade e torná-la muito clara. Assim, as conexões com outras possibilidades aparecem e a rede volta a fazer sentido.

Ao invés de tentar encontrar a melhor possibilidade dentre tantas, o explorador deve buscar tecer uma rede com várias possibilidades que se fortalecem mutuamente. Assim, se uma possibilidade não dá certo, a outra pode funcionar no seu lugar. Segundo uma pesquisa realizada por Gabriela Goldschmit, quanto mais conectada uma possibilidade, maior a chance dela ser implementada.

Vejamos um caso em que isso acontece. O projeto CICITY foi uma instalação interativa que o Instituto Faber-Ludens conceitualizou junto com a FIEP, organizadora da conferência Conferência Internacional de Cidades Inovadoras. O conceito era uma simulação de uma cidade construída à partir do comportamento dos participantes da conferência. A rede abaixo documenta as possibilidades consideradas para chegar nesse conceito, numerados em ordem cronológica.

Espaco possibilidades cici2011

Essa visualização confirma o que Goldschmit encontrou: a possibilidade mais conectada foi implementada, juntamente com as possibilidades que se conectavam mais forte à ela. Algumas dessas possibilidades não foram implementadas, mas serviram de ponte e contribuiram para o desenvolvimento das possibilidades mais conectadas.

Uma coisa que essa visualização em rede não permite ver é o processo de vai e vém enquanto se consideram as possibilidades. Uma possibilidade não deixa de ser considerada quando surge uma nova. Pelo contrário, ela passa a ser considerada em relação a uma outra. Veja como a visualização em espiral revela o processo dialético de design. Algumas possibilidades foram intensamente consideradas e outras foram motivo de exploração focada isolada.

Espaco possibilidades cici2011 turbilhao

A reconstrução desse espaço de possibilidades não seria possível se não tivéssemos tirado foto dos esboços que produzimos. Os esboços representam também o espaço de possibilidades, porém, eles em geral não contém informação sobre o processo de transição de um esboço ao outro.

Alternativas cici2011

A implementação do projeto demonstrou que as possibilidades consideradas não eram tão simples assim. Haviam barreiras tecnológicas, limitações de tempo e problemas legais. Algumas possibilidades consideradas, portanto, deixaram de ser possibilidades. O projeto foi implementado da maneira mais simples possível, focalizando no conceito de construir uma cidade à partir do comportamento dos participantes da conferência.


Autor

Frederick van Amstel - Quem? / Contato - 20/01/2016

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Citação

VAN AMSTEL, Frederick M.C. Explorando o espaço de possibilidades. Blog Usabilidoido, 2016. Acessado em . Disponível em: http://www.usabilidoido.com.br/explorando_o_espaco_de_possibilidades.html

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