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Designer: acessibilidade é bom pra você também

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Designer: acessibilidade é bom pra você também

Você pode não saber exatamente o que é acessibilidade, mas certamente já precisou dela um dia.

Se você já quebrou a perna e teve que subir uma escada de muletas, sabe a falta que faz uma rampa para uma pessoa que tem de usar muletas a vida inteira.

Quando você era criança, você queria ligar no orelhão pra passar trote e não conseguia porque era muito alto. "Telefone é coisa de gente grande", diziam os adultos, mas e quanto aos adultos que usam cadeira de rodas e precisa fazer uma ligação urgente?

Cadeirante não consegue subir na calçada nem alcançar o telefone

Neste momento, enquanto você lê esse texto, você pode achar que a fonte está grande ou pequena demais para a sua vista. Se você tem um mouse com rodinha de rolagem, você pode segurar a tecla Ctrl (windows) ou Command (mac) e girar a rodinha; o texto vai aumentar ou diminuir de acordo com a sua vontade. Legal isso né?

Scrollwheel: a rodinha do mouse

Mas e se você não tivesse como usar o mouse? Sim, pode ser que você não tenha nascido com dificuldades motoras, mas pode adquirí-la futuramente se quebrar um braço, se for alcoólatra, se vier a sofrer de Parkinson e etc. Nesse caso, basta usar as teclas Ctrl ou Command combinadas com as teclas + ou - para ter o mesmo efeito.

Essas opções de acessibilidade estão embutidas no seu software navegador, mas se eu tivesse bloqueado a mudança do tamanho do texto usando uma medida fixa para a fonte, pode ser que você não conseguisse usá-las.

Porque eu faria isso? Ora, pra que meu layout fique sempre igual do jeito que eu quero e quem não conseguir ler, que diminua a resolução do monitor. Ou talvez eu faça isso porque é mais fácil. Se usar um tamanho de fonte relativo, terei que garantir que todo o layout se ajuste, o que daria um trabalhão e os clientes não iriam me pagar o extra. Não vale à pena.

Navegando com um Nokia smartphone antigo

Economizando desse jeito, logo consigo juntar uma grana pra comprar um PDA com acesso à Internet . Abro este site no navegador do PDA pra mostrar pros meus amigos e o danado do site fica todo desconjuntado porque eu mesmo defini que ele é "melhor visualizado com Internet Explorer 6.0, 1024x768 pixels de resolução e Flash Player versão 9 instalada". A vergonha dá pra disfarçar com uma desculpa esfarrapada, mas e se fosse uma situação crucial na qual eu precisasse muito das informações do site?

O fato é que, mais cedo ou mais tarde, seremos vítimas das barreiras que nós mesmos criamos. Se é assim, por que não se esforçar para evitar as barreiras? Nós saímos ganhando com isso; nossos amigos saem ganhando com isso; pessoas que nem conhecemos saem ganhando com isso; enfim, a sociedade como um todo sai ganhando com isso.

Oxo: exemplo de sucesso

Chaleira da Oxo

Sam Farber tinha uma fábrica de utensílios domésticos chamada Copco nos Estados Unidos. Ele sempre se preocupou em criar produtos acessíveis para pessoas idosas e com deficiências físicas, mas isso não era o foco da empresa. Quando se aposentou, ele e sua esposa passaram algumas semanas na França e os utensílios à disposição eram terríveis para quem tinha artrite como a esposa de Sam. Sam decidiu voltar à ativa e fundou a Oxo International com a proposta de design universal como missão da empresa. Os novos produtos ganharam visibilidade na mídia e cairam no gosto popular. Mesmo quem não tinha nenhuma deficiência, preferia comprar Oxo pela facilidade de uso. A empresa ganhou vários prêmios e Sam pode se aposentar de novo, agora com a satisfação de ter contribuído e muito para um mundo melhor.

Acessibilidade em três passos

Primeiro passo: não exclua ninguém, a não ser o preconceito. Mesmo que determinadas pessoas não se encaixem no público-alvo do projeto, elas devem ter livre acesso. Você não gostaria de ser barrado numa portaria de um prédio só porque não faz parte do "público-alvo" do prédio, não é mesmo? Discriminação é crime, mas, através do design, a discriminação pode se reproduzir da forma mais cruel e imperceptível possível, mesmo aos olhos do próprio designer. Designers precisam conscientizar-se de que o diferente não é ameaçador; pelo contrário: é com ele que aprendemos coisas novas.

Segundo passo: flexibilize o acesso. Todas as pessoas são iguais perante à Lei e, portanto, tem os mesmos direitos. No entanto, a maneira como cada pessoa goza de seus direitos é diferente, já que cada pessoa tem um corpo diferente, pensa diferentemente e age diferentemente. Os objetos e ambientes projetados são os mesmos para muitas pessoas, mas eles podem ser flexíveis a ponto de suportar algumas diferenças básicas. Algumas pessoas são altas e outras baixas e, para não impedir o acesso de ambos, devemos ter degraus baixos e portas altas. Nivelamos pelo percentil 5 e 95 . Quando a diferença é na percepção sensorial, devemos oferecer conteúdo alternativo para outros sentidos: textos que podem ser lidos por surdos oralizados ou sintetizadores de voz para cegos, por exemplo. Por fim, devemos permitir que as pessoas acessem com diferentes apetrechos (carro ou bicicleta; laptop ou smartphone) e encontrem caminhos alternativos para chegar onde elas querem (sinalização de orientação ou balcão de informações; navegação por menus ou busca por palavra-chave).

Terceiro passo: se coloque no lugar do outro. Teste o que você projetar. Baixe o leitor de telas Jaws e tente navegar no seu website de olhos fechados, usando apenas o teclado. Se você não for cego, isso só vai te dar uma sensação próxima da que passará um cego de verdade, pois ele não poderá abrir os olhos quando chegar numa parte confusa. Por outro lado, eles estão muito mais acostumados do que você a se virar em situações como essa. Celebre a diferença observando como as outras pessoas acessam seus projetos e aprenda com isso. Tome como guia os princípios de Empatia e de Crítica.

Chamando à responsabilidade

A Acessibilidade é uma área que justifica especialistas como os meus colegas da Acesso Digital, mas isso não significa que todo o trabalho deve ser empurrado a alguém que entenda do assunto. Entender do assunto é responsabilidade social de todo designer. O design acessível pode permitir que as pessoas façam coisas maravilhosas que, sem ele, seriam impossíveis. A Leda e o MAQ sempre foram vozes muito ativas nas atividades da Acesso Digital e nesse vídeo não foi diferente. Quem viu, viu; quem não viu, ouviu; quem não ouviu, leu e quem não viu, não ouviu e não leu, não sabe o que está perdendo.

[nota] Aproveitei para criar uma nova seção neste blog para agregar tudo o que já escrevi sobre Acessibilidade. Como disse o Horácio, depois que conheci o pessoal da Acesso Digital, estou me tornando também um acessibilidoido.


Autor

Frederick van Amstel - Quem? / Contato - 18/06/2007

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Citação

VAN AMSTEL, Frederick M.C. Designer: acessibilidade é bom pra você também . Blog Usabilidoido, 2007. Acessado em . Disponível em: http://www.usabilidoido.com.br/designer_acessibilidade_e_bom_pra_voce_tambem_.html

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Comentários

Discussão
Rodrigo
19/06/07 às 00:33

Concordo completamente! Defendi a mesma bandeira recentemente em meu (recente) blog. Abraços!


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Walmar Andrade
19/06/07 às 09:38

Além de se colocar no lugar do outro, também é recomendável testar com portadores de deficiência. O Felipe Memória relatou hoje uma experiência enriquecedora com testes com esse tipo de usuário.

O vídeo do pessoal do Acesso Digital também mostra que eles são os que mais têm a contribuir nessa área. Uma dica é procurar a Associação de Cegos e outras associações do seu estado para começar esse trabalho.


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Jefferson Rodrigo Torá
19/06/07 às 17:39

Já tinha visto o video, realmente muito bom!
O pessoal do acesso digital está de parabens...

Não podemos limitar algo a ninguém, não sabemos o dia de amanha, e msm se soubéssemos , como nos sentiriamos no lugar dessas outras pessoas.

É isso, abraço.


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Tiago Dias
19/06/07 às 23:42

Sem duvida, nao podemos excluir ninguem.. pelo contrario temos que cada vez mais...ampliar o meio digital. confesso que nao tinha reparado nesse detalhes...mas muito bem colocado.

Fred conheci seu trabalho no evento da locaweb no rio - muito bom. Pafuncio eh o cara.


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joao gabriel
06/07/07 às 10:54

cara muito bom esse texto.
o horacio e meu professor na faculdade e me indicou seu site. ele tinha razao, e 10!


Discussão
Cristian Trentin
07/07/07 às 10:04

Sempre falo disso no Web Para TODOS , muito bom o seu texto.


Discussão
Guilherme Viebig
05/10/07 às 02:49

Extremamente importante!

Sou programador e webmaster do site http://www.arcomodular.com.br

Acessem e vejam, que oferecemos produtos de Sinalização Visual, Tátil e Sonora para pessoas especiais.

Somos a primeira empresa a oferecer produtos "reais", ou melhor dizendo, palpaveís e audíveis para portadores de deficiência, e ao mesmo tempo oferecemos um site acessível nos padrões internacionais do W3C e WAI nível 3.

"Uma nação que respeita os idosos, crianças e pessoas especiais, está a um passo do primeiro mundo"

Parabéns pelo site!


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André Coimbra
15/10/07 às 11:01

Parabéns, muito bom o conteudo do texto, realmente nós designers precisamos nos comprometer mais do que simples internautas, pois eles, os internautas dependem muito de nosssos conhecimentos em deixar uma coisa complicada, ser mais facil de ser compreendida assim mostrando ao mundo que todos, podem e são capazes.


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Ligiane
26/06/08 às 16:21

Acho que acessibilidade deve ser pensada para todos e se completa com usabilidade. Seja por necessidade ou por opção, um dia, todos vamos nos utilizar disso.


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aILTON SOARES CARDOSO
23/10/09 às 11:50

OLà!! sOU ESTUDANTE DE dESIGN DE INTERIORES , TENHO UM TRABALHO PARA APRESENTAR SOBRE ACESSIBILIDADE E DESIGN ,ESTA PG ME AJUDOU MUITO!!!


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segurança empresa
06/01/10 às 16:40

É e não apenas o telefone mas algumas pessoas com necessidades especiais precisam usar serviços publicos transporte ,comunicação , segurança , empresas contratam estas pessoas e elas precisam se deslocar.


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marilene de fatima barbosa
28/03/10 às 19:58

Parabéns pello site . Trabalho na área e estava pesquisando materia para meu projeto de acesibilidade em residencia universitária .Quem puder me enviar material . Agradeço, marilene .






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