Em termos gerais, existem duas formas de fazer design, caracterizadas pela origem do processo: ou se parte da imaginação ou se parte da realidade concreta. Designers que denfendem que a idéia inicial é a parte principal do projeto podem ser chamados de idealistas e designers que defendem que a negociação das características do projeto com outras pessoas é a parte principal do projeto podem ser chamados de materialistas ou realistas.
Nenhum designer é puramente idealista ou materialista, pois tanto a imaginação quanto a negociação são fases essenciais de qualquer projeto, mas a distinção de ênfase é perceptível.
A maior parte dos designers que conheço são idealistas. Eles acreditam em coisas como talento, inspiração e criatividade. É comum ouvir coisas do tipo: "Se você não nasceu com o talento, não poderá desenvolvê-lo; Sem inspiração, não há como ter boas idéias; A criatividade é o segredo da inovação".
Alguns idealistas se esforçam para desmistificar o processo, criando mil métodos para gerar idéias, todos distantes da realidade concreta. Quando o resultado final é inadequado para a realidade concreta, eles culpam a escolha e aplicação do método, ou seja, para eles, o processo de design determina o sucesso do design.
Sucesso aqui, é entendido como a comprovação das idéias de seus criadores (atingir os objetivos pré-concebidos) e costuma ser balisado na opinião de pessoas-chave (clientes) ou em estatísticas genéricas (vendas, acessos, cadastros, etc).
Já para os materialistas, o sucesso é relativo. O resultado do design pode beneficiar algumas pessoas e prejudicar outras, em um ou outro aspecto. Os materialistas não rejeitam que o projeto favoreça somente algumas pessoas, afinal de contas, não é possível agradar a gregos e troianos, mas estão atentos aos desfavorecidos. Às vezes, o nicho dos desfavorecidos é uma oportunidade valiosa que uma empresa está perdendo sem saber e cabe ao designer negociar sua consideração no projeto.
Enquanto o idealista insiste em manter seus objetivos pré-concebidos até o final do projeto, mesmo que constate que são inviáveis, o materialista está disposto a reformular seus objetivos em função do contato com a realidade, mesmo que isso implique em descartar os esforços dispendidos até então.
O materialista sai para fazer as pesquisas de campo preparado para ouvir e observar o inesperado, já que, se tudo o que visse fosse esperado, de que adiantaria sair para campo? É preciso ter a mente aberta; estar livre de pré-conceitos; respeitar a diferença das outras pessoas e abrir a concepção do projeto à negociação dos interessados.
A desvantagem principal do design negociado é a possibilidade de se perder sem sair do lugar. Desviar o foco. Desistir sem alcançar um resultado satisfatório.
Alguns dirão que o design negociado é mais dispendioso e arriscado que o pré-concebido, mas quer coisa mais arriscada do que lançar um produto no mercado sem atestar sua utilidade? É bem verdade que a maioria das empresas procede dessa forma e ainda assim lucram, mas será que é uma boa estratégia de longo prazo? Será que um layout de teclado negociado com usuários valeria o esforço extra?
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