O Urbanismo moderno projetou as cidades onde vivemos. Com isso, projetou também nossas atividades e interações, possíveis através de sua infraestrutura. O Design de Interação também tem o mesmo efeito em relação aos novos espaços virtuais, porém, falta a visão abrangente e de longo prazo do Urbanismo moderno. Por outro lado, o Urbanismo também ainda não compreendeu a integração entre espaços reais e virtuais. Independente da falta de visão de ambos, as tecnologia interativas estão trasnsformando o cenário urbano.
Veja o mapa de onde moro, na cidade de Curitiba, por exemplo.
Este lugar eu escolhi pela Internet. Eu queria criar meu filho num lugar parecido com o que eu fui criado no Rio de Janeiro: um condomínio de prédios com ampla área de lazer e contato com a natureza. O site que tem a maior base de imóveis em Curitiba não tinha esse critério de busca nem nada que chegasse perto disso.
Por acaso, um dia caí no Wikimapia, um mashup do Google Maps que permite aos usuários adicionarem anotações sobre os mapas das cidades. Comecei a sobrevoar a cidade em busca de algo que se parecesse com o que eu queria. Me senti como num helicóptero. Uma série de prédios rodeados de árvores me chamou a atenção. Passei o mouse por cima e descobri o Parque Pinheiros. Fui até lá e fiquei.
Um dos critérios principais para a escolha de um local para morar, em qualquer grande cidade, é o acesso à rede de transportes. As possibilidades de ação que uma cidade é oferece é proporcional ao deslocamento necessário para executar atividades. Como pode-se ver no mapa abaixo, é uma região bem servida de avenidas e ônibus.
Porém, não adianta muito saber onde estão os pontos de ônibus se não se sabe a rota dos mesmos. O sistema de transporte coletivo de Curitiba é complexo: para se chegar num local, mesmo que seja próximo, é necessário o baldeamento (pegar outros ônibus), apesar de que a conexão seja gratuita. Esse esquema é interessante porque pode-se chegar a um mesmo lugar por caminhos diferentes, porém, a complexidade é tão grande que dificilmente um cobrador ou motorista consegue explicar quando alguém pergunta como chegar num local que está fora de sua própria linha. Imagine então, quando um forasteiro pergunta a um transeunte na rua. É por isso que os curitibanos não gostam de dar informações na rua; eles têm motivo para serem antipáticos...
A URBS oferece um sistema para encontrar rotas, mas eu particularmente nunca consegui usá-lo sem dar bug, além da interface ser sofrível.
Essa informação tinha que estar disponível na hora em que se precisa, ou seja, quando se está na rua. Em alguns pontos de ônibus, há mapas bem completos, mas estes só conseguem mostrar informações relativas ao bairro. Pra mim, é um excelente passatempo enquanto espero o ônibus chegar, mas para a maioria das pessoas é grego. Já vi muita gente perguntando para outras pessoas sobre rotas de ônibus mesmo tendo o mapa logo atrás. Este tipo de mapa, apesar de bem organizado, exige uma capacidade cognitiva fora do comum, pois é preciso discernir entre muitas informações irrelevantes aquelas que atendem à demanda.
A tecnologia da informação poderia ajudar aqui, permitindo filtrar informações baseadas na demanda do usuário. Infelizmente, os quiosques informatizados da prefeitura são pobres nesse assunto. Se limitam à listar as linhas de ônibus e horários. Bem que eles poderiam acessar o sistema web comentado anteriormente, mas este teria que ser adaptado para ser usado numa tela touchscreen.
Nossos alunos da pós em Design de Interação fizeram como exercício de Técnicas de Prototipação I, o redesign de um novo quiosque, o Ponto-i. O novo sistema integra as informações espalhadas de modo contextual. As informações iniciais são relativas ao ponto geográfico do quiosque, mas é possível selecionar roteiros que integram pontos turísticos e dicas de usuários para se locomover na cidade. Estes roteiros podem se transferidos para o celular e consultados no caminho. Eles construíram um protótipo de papel bem bacana para demonstrar o uso.
Ponto i - Paper Prototyping from Felipe Sad on Vimeo.
O Ponto-i faz parte de um projeto de pesquisa aberta do Instituto Faber-Ludens que visa investigar as possibilidades da Computação Pervasiva para reconfigurar o espaço urbano: Urbanismo Digital.
"A computação pervasiva adiciona uma nova camada ao urbanismo das cidades. Assim como a rede de transporte físico foi crucial para o estabelecimento das metrópoles, a infra-estrutura eletrônica redefinirá como nos encontraremos com outras pessoas nas cidades conectadas. É urgente planejar esta nova camada, do contrário, estaremos presos no equivalente digital de becos sinistros, trânsito infernal e viver isolado no meio de multidões."
O objetivo do projeto Urbanismo Digital é demonstrar a importância do planejamento urbano digital. Quem quiser participar, fique à vontade.
Convidei a participar deste projeto aberto Caio Vassão, um arquiteto e urbanista que pesquisa Design de Interação. Para ele, a tecnologia da informação constitui uma Camada Ambiental Interativa, que deve ser tão bem projetada quanto outras camadas físicas do espaço urbano.
Caio demonstra como o conceito pode ser aplicado numa situação prática, guiando o planejamento de uso da tecnologia da informação num centro universitário. No diagrama abaixo pode-se ver a sobreposição e integração entre ambientes de colaboração acadêmica virtuais e físicos.
Esse cruzamento é um dos que mais me interessa no Design de Interação hoje. Também é de interesse de Adam Greenfield, diretor de interfaces e serviços da Nokia, e de Mike Kuniavsky, diretor da ThingM. Num futuro próximo, a tecnologia da informação será o asfalto de empreiteiras digitais. Muitos interesses políticos e dinheiro passarão por aí.
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Lindo! Este assunto, ao mesmo tempo que me facina, me dá angústia. Não sei se é pela frustração de ser arquiteta e urbanista apaixonada, mas que nunca praticou (engatei o mestrado ainda no último semestre da graduação), ou se é porque eu me apavoro sempre que veja as soluções (ou falta delas) para os problemas de transporte público que vejo por aí. Em Florianópolis, embora o sistema integrado tenha melhorado consideravelmente o deslocamento do usuário, o turista recém chegado dificilmente conseguirá chegar no destino sem perguntar à alguém "qual ônibus pego", "onde eu pego" ou "quando ele passa por aqui". Os pontos de ônibus não oferecem nenhuma estrutura visual para informar o usuário: Qual ônibus passa por aqui? Quando passa? De onde vem? Para onde vai? E a resposta ou solução deste problema é tão simples! Antes de vir para BSB até comecei a brincar de mapear os trajetos (que nem eu sabia direito. Fui aprendendo com as linhas que eu pegava). Para falar de Brasília nem vale a pena. Pegar ônibus por aqui pode ser uma aventura horripilante. Infelizmente na capital do Brasil o turista tem muita dificuldade de conhecer os monumentos por uma série de razões que não vale a pena comentar. A solução para este tipo de problema (mapeamento do transporte público) me empolga demais. A solução que envolve organização de informação a ser disponibilizada em meio visual (mapas e tabelas de horários anexados aos "pontos de ônibus", por ex - quando existem) teria pouca influência de problemas políticos ou gerencias para não dar certo. Que saudade de Genebra! Que organização. Mas isto é outra história, outro contexto, outras cabeças.
Olá Frederick van Amstel. Aqui é Maikon Soika Machado, aluno de Design da Unisul. Fui seu aluno na disciplina de Redação e Análise Literária do semestre 2008-2.
Estou comentando nesta matéria pois estamos, aqui na Unisul, realizando um trabalho semelhante na disciplina de Projeto de Pesquisa Aplicada e Extensão em Design, ministrada pela Profª Cristina Colombo Nunes.
O objetivo geral da disciplina é melhorar e otimizar o acesso à informação do Sistema de Transporte Urbano de Florianópolis. Contudo, não interviremos em todo o sistema, mas apenas em algumas linhas.
A turma está dividida em equipes e cada equipe está abordando e resolvendo um problema e um programa específico do projeto.
A minha equipe está desenvolvendo a melhoria do acesso e do uso da informação em hipermídias digitais.
Olhe o site http://lataodesign.wordpress.com para obter mais detalhes e informações.
Já realisamos a pesquisa de campo e o questionário para verificar a demanda, as justificativas e o conceito do projeto de hipermídia. Estamos tentando iniciar a etapa do projeto de hipermídia, mas não sabemos direito como iniciá-lo. Minha pergunta é se você tem como nos dar dicas a respeito desta etapa. Acredito que o projeto será finalizado com um protótipo digital.
Pergunto: Como segmentar esta etapa inicial de forma que cada integrante da equipe cuide de sua parte? Qual a metodologia recomendada?
Att.
Maikon
Maikon, acho que o lance é justamente não segmentar. Estamos muito acostumados a separar o todo em partes para poder lidar com ele, mas nesse processo de análise a gente perde muita coisa. O próprio projeto Ponto-i sofreu desse problema. No final, cada aluno fez uma parte e quando juntaram tudo, ficou meio desengonçado.
Acho que a melhor forma de trabalhar com Urbanismo é pelo Design Participativo, inclusive incluindo usuários da rede e funcionários.
No guia colaborativo tem uma sessão sobre:
http://www.faberludens.com.br/pt-br/node/76
Eu propús uma idéia parecidíssima com este conceito em projeto de Ciência da Computação na UFPR, numa disciplina de Administração de Empresas com ênfase em Inovações Tecnológicas, em meados de 2007.
Era pra ser uma aplicação inovadora e que voltasse para o meio público. A minha idéia era basicamente de criar um sistema com:
- Transmissores/receptores de coordenadas GPS por Rádio ou Internet;
- Painéis digitais LCDs ou de Leds nos pontos de ônibus, que informam os usuários em tempo real a localidade dos usuários, graficamente e até por voz artificial;
- Integração social com engines de mapas (Google Maps, Yahoo/Msn Maps) e mobile.
Infelizmente, não lembro por qual razão, não chegamos a desenvolver este projeto nem no papel, e acabamos mudando o tema para outro.
Eu particularmente achei muito interessante a idéia e bem factível no aspecto sistemático-tecnológico.
parabéns, foram comentários excelentes.
Gostaria de uma análise deste site de Imóveis:
fiz estudos em deixar as pessoas digitarem, coisas como:
apartamentos, curitiba
porém a melhor inteiração senti com um jquery nas cidades dos imóveis
Obrigado
e abraços, sempre acompanho seu blog
Show!
A primeira vez que cheguei a Curitiba, estava em uma parada de onibus destas com o mapa.
Sabia em qual rua estava, porém ali no mapa foi como um caça palavras rssss.. não achava em lugar nenhum, logo porque não conhecia direito a cidade.
Era simplesmente colocar um círculo no mapa com "Você está aqui" e pronto.
Outro problema foi achar o outro bairro para qual eu gostaria de ir... Como a lista dos bairros ao lado direito não estava em ordem alfabética e também porque existe a lei de Murphy, encontrei o bairro o qual eu queria, lá quase nas últimas posições.
Horário de onibus também não tinha. Então não sabia se o onibus já tinha passado e quanto tempo demoraria a outro passar.
Rsss é engraçado mas uma simples mudança já seria bem vinda para turistas e moradores.
Abraço.
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