Uma das reclamações que mais ouço dos profissionais que trabalham em prol da experiência do usuário é que o chefe ou o cliente não entende e/ou não valoriza esse aspecto. Não é de se admirar. De um modo geral, faltam boas explicações e argumentos que justifiquem o investimento.
Na maioria das explicações, não passa de uma série de hypes e jargões da área.
- O que é UX Design?
- É o que faz um UX designer.
- E o que faz um UX designer?
- Ele faz perguntas sobre a experiência do usuário (UX) enquanto projeta um produto.
- E o que é essa tal de UX?
- É tudo que afeta a interação do usuário com um produto.
Embora pareçam lógicas para quem é do ramo, estas respostas são muito vagas. Não ajudam a entender do que se está falando, pois faz referências recursivas o tempo todo. Não fica claro o objeto do design: é o produto ou é a experiência do usuário? Ou é a interação entre eles? Se perguntar como se projeta, como se avalia, ou qual é o retorno, cai uma chuva ainda mais forte de jargões e conceitos mirabolantes.
No contexto brasileiro, a situação é mais complicada porque os jargões acabam sendo importados sem uma reflexão se fazem sentido para a realidade do mercado atual. Nem bem o termo usabilidade se difundiu e já querem trocá-lo para experiência do usuário. Os defensores do termo traduzem "user experience" como "experiência do usuário", porém, abreviam-no como no inglês: "UX".
Os profissionais experientes da área dizem que tanto faz como se chama, o importante é mostrar o resultado. Pois bem, então eu proponho que o acrônimo de "experiência do usuário" seja ExU. Além de ser mais adequado do ponto de vista da língua, faz referência a uma personalidade religiosa tipicamente brasileira que compartilha a mesma dificuldade de definição.
No curso de mudança organizacional que dei mês passado no Rio de Janeiro, fiz uma breve encenação com Horacio Soares sobre a relação do designer com o chefe (vídeo abaixo). O designer tenta convencer o chefe a fazer o recall do produto para consertar a experiência do usuário, mas o chefe não quer nem saber. Observe como no começo o Horacio utiliza termos abstratos e apela para argumentos sentimentais. Conforme ele muda sua abordagem, o chefe vai se tornando mais acessível.
Os jargões são importantes para qualquer área, mas eles não precisam necessariamente aparecer nesse tipo de conversa. Pode-se dar uma explicação e depois dizer o jargão, mas o que vai ficar na memória do chefe ou do cliente é a proposta de valor em si.
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Acompanho seu blog há um tempo. Estou no mercado de desenvolvimento de softwares há 10 anos.
Acredito que o problema de as empresas não valorizarem o trabalo de um UX está relacionado relacionado à falta de verba para este tipo de trabalho. De forma geral o mercado brasileiro não paga por projetos de TI, exceto empresas muito grandes em projetos milionários em que o risco é altíssimo.
Desta forma a maior parte dos projetos segue um ciclo de vida semelhante a um codifica remenda e o foco de desenvolvimento está nos requisitos funcionais da aplicação e a interface de modo geral é deixada de lago. No dia em que o Brasil começar a valorizar qualidade, começar a pagar mais por isso, acredito que este comportamento mudará. Entretanto, acho que o mercado está muito longe disso. Preferem vender algo meia boca e rápido do que algo bem melhor que leve um pouco mais de tempo.
Olá Max! A gente fez uma dinâmica na segunda edição desse curso de mudança organizacional justamente trabalhando o tema. Orçamento e prazo se tornavam a opressão dos designers, que se viam incapacitados de modificá-los. Porém, a gente elaborou algums modelos de relacionamento com o cliente alternativos que liberavam os designers dessa opressão. Orçamento e prazo passavam a ser negociados diretamente com quem os cumpriria. Vale à pena dar uma olhada no vídeo
http://www.youtube.com/watch?v=MOOhaJgtV18
Uma coisa que eu tento fazer com a dinâmica do teatro do oprimido é mostrar que não adianta culpar fatores externos, imutáveis. É preciso transformar esses fatores externos em internos, modificáveis.
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