Gravação realizada no Meetup de Produto da Coproduto. Veja a gravação completa e a peça de teatro mencionada.
Inteligência artificial e o trabalho de design MP3 7 minutos
Vamos falar sobre inteligência artificial (IA) e o trabalho de design, trazendo uma reflexão rápida sobre as mudanças que a IA tem proposto para os profissionais desta área. Em primeiro lugar, é importante ressaltar que isso não é uma novidade. Na verdade, a inteligência artificial tem suas origens na área acadêmica, mais especificamente na pesquisa acadêmica sobre design.
Quando os primeiros pesquisadores da área de IA começaram a explorar as possibilidades de um algoritmo de solução de problemas genérico, considerado o primeiro algoritmo de inteligência artificial, houve um grande interesse pela área de design. O caso de Herbert Simon, que trabalhou com Newell nessa publicação, é emblemático. Simon escreveu um livro clássico, a "Ciências do Artificial", e ajudou a fundamentar, junto com outros trabalhos, a pesquisa sobre o pensamento projetual.
Deste ponto em diante, vários pesquisadores começaram a experimentar a implementação de máquinas que tentavam pensar como designers. O conceito de pensamento projetual, mais conhecido hoje como design thinking, foi popularizado por consultorias de inovação como a IDO e universidades como Stanford, a D.School. Suas origens estão nessa pesquisa sobre IA.
Tudo que fazemos hoje no design, que é fortemente influenciado pelo conceito de design thinking, tem sua origem nas pesquisas de inteligência artificial. Naquela época, quando essas primeiras máquinas de projetar foram criadas, a grande questão era se os designers perderiam seus empregos para essas máquinas. A preocupação era que essas máquinas tornariam desnecessária a contratação de designers profissionais. O resultado, no entanto, foi negativo. Nos anos 70, a qualidade dos designs gerados por estas máquinas era muito baixa e elas não sabiam como lidar com conflitos comuns no processo de design.
A partir disso, a pesquisa em design se focou na construção de ferramentas de design que possuíam um grau de inteligência artificial. Ferramentas de CAD e CAM são exemplos disso, e foram evoluindo ao longo do tempo. O foco era no computador ajudando no design, não substituindo o designer.
Mais recentemente, vimos a disseminação de inteligências artificiais generativas capazes de sintetizar imagens originais a partir de um prompt de texto. Isso despertou o interesse dos leigos, pessoas que não são designers profissionais, e trouxe de volta a pergunta: essas IAs vão tornar obsoleto o trabalho do designer?
Atualmente, as IAs estão sendo integradas a ferramentas profissionais como Adobe Firefly e outras, trazendo benefícios para os profissionais de design. Acredito que o caminho a ser seguido é esse. As ferramentas voltadas para leigos provavelmente se tornarão obsoletas rapidamente, pois não conseguem oferecer o controle necessário para produzir as imagens desejadas no projeto.
Este fato se torna mais evidente quando começamos a conectar diferentes IAs. Por exemplo, ao utilizar uma IA como o GPT para planejar uma pesquisa de experiências, que é uma atividade de metadesign, e conectá-la com uma ferramenta de síntese de imagem, temos uma visão ampla do potencial da integração entre diferentes IAs.
No entanto, fica a dúvida: os designers perderão seus trabalhos e todas as imagens serão geradas por este tipo de integração de IAs? Acredito que a principal questão não é tanto a perda de empregos, mas a qualidade do trabalho. Com a velocidade e a pressão crescentes, há o risco de que a IA precarize o trabalho.
Esta é uma das áreas que temos investigado em nossa pesquisa. Tentamos comunicar essa realidade aos novos estudantes através de uma narrativa teatral que envolvia personagens fictícios. Nessa história, um cliente solicita a uma IA que crie o logo da sua empresa, enquanto um designer, em uma situação precária de trabalho, cria a logo como se fosse a IA.
Ainda não vemos essa realidade no design, mas estamos especulando sobre esse futuro através do que chamamos de design prospectivo. Acreditamos que o futuro da profissão está no metadesign, ou seja, o design de IAs.
Para finalizar, gostaria de dizer que acredito que os designers continuarão tendo muito trabalho se eles conseguirem projetar o próprio pensamento projetual, em vez de reproduzir metodologias de design thinking importadas com viéses coloniais que nem sempre atendem aos nossos clientes e usuários. Precisamos projetar nossas próprias metodologias, nossas próprias ferramentas e nossas próprias inteligências artificiais. Isso é estudado em duas áreas acadêmicas que chamamos de metadesign e infradesign. Esse é o futuro da profissão.
]]>Gravação realizada na disciplina Psicologia 1 do Bacharelado em Design da UTFPR.
Design expansivo: pensar o possível para fazer o impossível [MP3] 62 minutos
]]>A visão subjacente é que qualquer atividade, não importa o quão comum, pode se tornar um ato criativo. Isso significa que a criatividade não é restrita a algumas pessoas talentosas ou a situações especiais; é algo que pode ser cultivado e ampliado por qualquer pessoa, desde que sejam derrubadas as barreiras que nos levam a pensar de forma limitada.
Ao nos depararmos com essa perspectiva, começamos a entender que nossos próprios corpos e mentes podem ser os pontos de partida para a criação de algo novo. O processo de metacriatividade envolve reconfigurar nossas noções de limites e possibilidades. Muitas vezes, sentimos bloqueios criativos devido a ideias preconcebidas de quem é ou não é criativo. Esse julgamento muitas vezes se origina de padrões históricos e sociais que subvalorizaram certos grupos, como negros, indígenas, mulheres e pessoas com deficiência, como menos criativos.
Através da metacriatividade, podemos reconhecer esses padrões opressores e desafiar essas noções limitantes. Ao expandir nossas perspectivas e abraçar ideias aparentemente malucas, estamos pavimentando o caminho para a inovação. A colaboração entre diferentes criadores, combinada com a disposição de abraçar a estranheza e a contradição, cria um terreno fértil para a geração de ideias revolucionárias.
Em resumo, a metacriatividade é uma jornada de autoconhecimento criativo. Ela nos encoraja a olhar para dentro e redescobrir nossos potenciais, enquanto também nos impulsiona a desafiar as limitações impostas pela sociedade. Ao abraçar a diversidade de perspectivas e liberar nossa mente da rigidez, podemos criar um ambiente propício para a transformação da realidade.
Metacriatividade: criatividade sobre criatividade MP3 16 min
]]>Essa abordagem expansiva se trata de explorar territórios desconhecidos, onde muitas coisas não são evidentes de início, e isso pode causar confusão. No entanto, essa confusão é benéfica, pois indica que estamos no caminho certo. A premissa central da pesquisa de experiências é que ela amplia nossa consciência, nos levando a entender perspectivas mais amplas além do design em si. Isso nos permite abranger questões econômicas, políticas, culturais e sociais em nossa busca pelo conhecimento.
Consciência e conhecimento são distintos; a consciência é o primeiro passo em direção ao desconhecido, enquanto o conhecimento é o que adquirimos nesse processo. Muitas vezes, caímos na falácia de acreditar que acumular mais conhecimento nos tornará conscientes, mas, na realidade, é a consciência que nos guia. Esse processo desafia nossa zona de conforto, levando-nos a abraçar o desconforto como um sinal de progresso e crescimento. A pesquisa de experiências requer, portanto, uma mentalidade aberta para lidar com o desconhecido.
Ao realizar pesquisas de experiências, encontramos uma contradição interessante entre a experiência do designer e a experiência do usuário. O designer conhece os objetos, sua fabricação e funcionalidades, enquanto o usuário compreende como esses objetos são usados e para que servem. O objetivo é criar uma ponte entre essas duas perspectivas distintas, promovendo um encontro de consciência. Ao fazer isso, abraçamos o desconhecido, buscando entender a experiência do Outro e reconhecendo que esse Outro muitas vezes pertence a grupos historicamente excluídos da profissão de design.
Embora a inteligência artificial, como o ChatGPT, possa auxiliar na pesquisa, ela não substitui o papel humano na geração de conhecimento inovador. A consciência expandida nos leva a explorar territórios pouco explorados, desafiando-nos a encontrar conhecimento onde antes não havia. O processo de expressar esse conhecimento, mesmo que de maneira imperfeita, é essencial para nosso crescimento contínuo. Aceitar a incompletude do conhecimento é fundamental, pois nos impulsiona a buscar o novo e a explorar o desconhecido, contribuindo assim para a evolução do projeto onde é realizada a pesquisa e também do campo de pesquisa de experiências como um todo.
Aula gravada na disciplina de Metodologia da Pesquisa, Bacharelado em Design da UTFPR.
Gestão do Conhecimento na Pesquisa de Experiências MP3 25 minutos
Este episódio faz parte de uma série de aulas sobre pesquisa de experiências (ux research).
O surrealismo, um movimento artístico, destaca a representação de contradições da sociedade que normalmente são ignoradas. Através de jogos como a escrita e desenho automáticos, os surrealistas buscavam liberar o inconsciente para trazer à tona essas contradições e reflexões. A arte surrealista também explorava a relação entre gênero e máquinas, antecipando o uso de figuras femininas na inteligência artificial contemporânea.
Hoje em dia, a inteligência artificial está redefinindo a arte ao gerar imagens a partir de prompts de texto. Essa capacidade levanta debates sobre autoria, originalidade e valor artístico. Ao olhar para os surrealistas, que já debatiam questões de representação, privilégio e curadoria, podemos encontrar paralelos com os dilemas atuais em torno da inteligência artificial na arte. A ferramenta DAL-E, por exemplo, criada em homenagem a Salvador Dalí, o artista surrealista mais famoso, utiliza algoritmos complexos para misturar 'ingredientes' de imagens, criando composições inovadoras e surpreendentes. Assim como os surrealistas se propuseram a revelar a verdade escondida, as IA estão desafiando nossos conceitos de autoria, originalidade e criatividade. Estamos diante da possibilidade de todos serem artistas, com a IA como uma ferramenta de expressão.
Enquanto alguns temem que a inteligência artificial torne os artistas obsoletos, mais interessante é pensá-la como uma ferramenta para expandir o potencial criativo. Ao explorar os pontos em comum entre a criação surrealista e a geração de imagens por IA, percebemos que ambos exploram os reinos do consciente e inconsciente, conectando-se com emoções e reflexões compartilhadas. No entanto, é crucial que os seres humanos mantenham um papel ativo e consciente na criação e direção da inteligência artificial, evitando sua substituição completa. O desafio está em priorizar a metacriatividade sobre a automação.
É intrigante ver como a tecnologia atual ecoa o passado artístico. Assim como os surrealistas desafiaram as normas da elite, questionando a quem pertence o poder de representação, as IA nos levam a refletir sobre quem é o verdadeiro autor da arte gerada por elas. Será que a arte está se desvalorizando ou se expandindo com a ajuda da inteligência artificial? Nossa sociedade moderna, repleta de inovações e desafios éticos, encontra nos jogos surrealistas uma maneira única de explorar e entender essa complexa interação entre humanos e máquinas.
Aula gravada na disciplina Psicologia 1, Bacharelado em Design, UTFPR.
Jogos Surrealistas e Inteligência Artificial MP3 19 minutos
]]>Nessa reportagem do programa Descubra Paraná da TV Paraná Turismo, o repórter Luan Azevedo mostra como são as aulas de Psicologia 1 do professor Frederick van Amstel na UTFPR.
Baseando-se no trabalho inovador da professora Lesley-Ann Noel, conhecida por promover discussões sobre diversidade cultural e corporal, a oficina também explora o tema dos privilégios. Os participantes são incentivados a refletir sobre quem detém acesso às oportunidades de criação e a investigar as razões por trás dessa disparidade. A desigualdade, frequentemente perpetuada através das gerações, é examinada de maneira aberta e crítica.
O conceito de "cria-corpo" está intrinsecamente ligado à noção de posicionalidade, ambos desempenhando papéis cruciais na compreensão da identidade e da formação individual. O "cria-corpo" representa a ideia de um corpo em constante processo de criação e recriação, não apenas no sentido físico, mas também no sentido emocional, intelectual e criativo. Este termo reconhece que um corpo não é uma entidade estática, mas sim uma entidade em fluxo, constantemente influenciada por experiências, aprendizado e interações.
A posicionalidade, por sua vez, refere-se às condições e contextos que moldam a identidade e as experiências de um indivíduo. Envolve fatores como origem étnica, gênero, classe social, raça e até mesmo o ambiente cultural em que alguém cresce. A posicionalidade destaca que cada pessoa ocupa um lugar único na sociedade, influenciando suas perspectivas, oportunidades e desafios.
A conexão entre "cria-corpo" e posicionalidade emerge quando se considera que o processo de criação não ocorre em um vácuo, mas é fortemente influenciado pelas condições e experiências que um indivíduo enfrenta. Nossas escolhas criativas, nosso desenvolvimento intelectual e nossas perspectivas são moldados por nossa posicionalidade. A forma como interpretamos o mundo ao nosso redor e expressamos nossas ideias é profundamente influenciada pelas circunstâncias em que vivemos.
Ao criar autorretratos usando materiais recicláveis, os participantes têm a oportunidade de incorporar sua posicionalidade em suas expressões criativas. Isso não apenas reflete a influência de suas histórias individuais, mas também ressalta como a posicionalidade influencia o processo criativo e a forma como nos relacionamos com o mundo ao nosso redor.
Esta oficina salienta o papel vital dos designers, uma vez que os produtos que concebem influenciam diretamente a sociedade. Projetos como aquele mostrado no documentário Lixo Extraordinário sobre o trabalho do artista Vik Muniz, que envolveu a colaboração de catadores de lixo na produção artística, ilustram o potencial do design para abordar questões sociais complexas. A experiência pessoal do autor, ao criar um autorretrato a partir de seus próprios resíduos, também destaca como nossas escolhas de consumo revelam nossa posição social e enfatiza a importância da autocrítica nesse contexto.
Expressando a posicionalidade do cria-corpo MP3 20 minutos
O desafio nesta cria-atividade é produzir uma foto de auto-retrato com o lixo pessoal acumulado nos últimos sete dias. Os criadores explorarão o lixo pessoal como um material, refletindo sobre como materiais de design e composição gráfica podem ajudar a expressar (e refletir sobre) a posicionalidade.
Os criadores podem usar lixo ao lado de seus corpos ou criar um auto-retrato 100% de lixo. Os retratos serão filmados em classe com smartphones pessoais e exibidos para discutir diferenças e semelhanças. Os criadores podem pedir ajuda uns aos outros para tirar fotos.
Por meio da atividade proposta, os participantes são encorajados a examinar seus próprios privilégios e a considerar como suas escolhas de consumo afetam não apenas o meio ambiente, mas também a estrutura social. Através da criação de autorretratos com o lixo coletado, eles têm a chance de expressar visualmente sua posicionalidade e contribuir para uma discussão mais ampla sobre desigualdades e responsabilidade social.
]]>O pensamento visual não se limita apenas a representações gráficas; ele também envolve imagens verbais, como metáforas, e até imagens abstratas que vão além do que é convencionalmente conhecido. Essas imagens mentais têm a capacidade não apenas de refletir o conhecimento existente, mas também de expandi-lo, nos conduzindo para o desconhecido, para novos insights e descobertas.
É importante ressaltar que a habilidade de desenhar não está apenas relacionada à coordenação motora, mas também à capacidade de abstrair e visualizar mentalmente as imagens antes de colocá-las no papel. Nesta aula, são explorados o desenvolvimento do pensamento visual e a capacidade de criar representações simbólicas e abstratas, permitindo a expansão do nosso conhecimento e abrindo caminhos para a criatividade.
Através de jogos e atividades, percebe-se como as imagens podem ir além do óbvio, proporcionando insights profundos e levando-nos a questionar e expandir nossos conhecimentos. O pensamento visual expansivo não só nos permite representar o que já conhecemos, mas também nos capacita a visualizar e criar o que ainda não existe, promovendo uma cultura de inovação e criatividade em nossas vidas cotidianas.
Gravação de aula realizada durante a disciplina Psicologia 1, do curso de Bacharelado em Design, UTFPR.
Pensamento visual expansivo 37 min [MP3]
]]>Criatividade é um tema fascinante e muitas vezes envolto em mistério. Por isso, já começamos redefinindo criatividade como uma atividade criativa, ou cria-atividade. O hífen nesse contexto reforça a conexão entre "criação" e "atividade", ressaltando que a criatividade é uma atividade ativa e em constante evolução, e não algo estático ou isolado. O conceito de cria-atividade destaca a importância de colaborar, compartilhar e trocar ideias com outras pessoas, considerando a diversidade de perspectivas, experiências e habilidades.
Cria-atividade, portanto, não é um dom exclusivo de alguns sortudos. Ela não está limitada a pessoas em famílias de designers ou nascidas em ambientes ricos e urbanos. A verdade é que a cria-atividade é influenciada pelo contexto e pelas pessoas com quem interagimos. Um mito comum sobre a cria-atividade é que ela ocorre em lugares aleatórios, como durante um banho ou um passeio solitário. No entanto, o verdadeiro segredo reside na interação e na atividade constante em cria-espaços compartilhados. Esses ambientes são propícios para o processo criativo, onde a troca de ideias e a supervisão mútua são essenciais.
Cria-espaço é um termo que denota o ambiente propício para a manifestação da cria-atividade. Este conceito enfatiza que a criatividade não surge em um vácuo, mas é moldada e influenciada pelo contexto em que ocorre. Assim como "cria-atividade", o hífen neste termo serve para destacar a interligação entre "criação" e "espaço", enfatizando a ideia de que o espaço físico e social é fundamental para proporcionar a criação.
Dentro desse contexto, o cria-espaço é onde as trocas de ideias, perspectivas e experiências ocorrem. Ele pode ser uma sala de aula, um ambiente de trabalho, um laboratório, uma comunidade ou até mesmo um fórum online. Esse espaço compartilhado é uma plataforma para a colaboração entre indivíduos diversos, onde suas habilidades, conhecimentos e visões únicas se fundem para gerar novas soluções e insights. Um cria-espaço bem projetado e acolhedor pode inspirar a criatividade, enquanto um ambiente restritivo ou monótono pode inibir a expressão criativa.
A interação entre as pessoas e o espaço é fundamental na criação de um espaço que favoreça a geração de ideias inovadoras. Ao criar e nutrir esses espaços de colaboração, as organizações e as comunidades podem colher os benefícios de uma cultura criativa, onde a diversidade é valorizada, as barreiras são derrubadas e as soluções são moldadas de maneira coletiva. O cria-espaço é, portanto, um conceito que abrange a importância tanto do ambiente físico quanto da interação social para a preparação do cria-corpo.
Cria-corpo é um conceito que destaca a interação entre o corpo humano e o processo criativo. Assim como cria-atividade e cria-espaço, o hífen nesse termo composto enfatiza a relação intrínseca entre "criação" e "corpo", ressaltando que a criatividade não é apenas uma atividade mental, mas está enraizada na experiência física e sensorial de um indivíduo. A criação depende do corpo em movimento, das emoções, das sensações táteis e do engajamento físico com o mundo ao redor. O corpo não é apenas uma ferramenta passiva, mas um elemento ativo no processo criativo, por isso, é um cria-corpo.
O cria-corpo também implica que diferentes estados físicos e emocionais podem afetar a criatividade. Um corpo bem descansado e saudável pode contribuir para uma mente mais clara e uma maior capacidade de gerar ideias. Da mesma forma, a energia criativa pode ser canalizada através do movimento, seja ele caminhar, dançar ou até mesmo ações cotidianas.
O cria-corpo reconhece também que a posicionalidade de um indivíduo afeta suas condições de criação. Nossa bagagem cultural, identidade, experiências de vida e privilégios moldam como enxergamos os desafios e as oportunidades. Ao considerar a posicionalidade, entendemos que diferentes pessoas têm perspectivas únicas e abordagens distintas para a resolução de problemas.
Imagine dois indivíduos enfrentando o mesmo problema criativo. Suas vivências pessoais influenciarão suas abordagens. Alguém que tenha vivido em um ambiente urbano pode oferecer uma solução diferente de alguém que cresceu em uma área rural. Essas perspectivas moldadas por suas posições na sociedade geram insights diversos e enriquecedores.
Na intersecção entre "cria-corpo" e posicionalidade, emerge um aspecto crucial: o conflito de identidades. A posicionalidade não é uma narrativa única, mas uma sobreposição complexa de identidades sociais, culturais e pessoais. Essas identidades podem ser tanto fontes de inspiração quanto áreas de conflito, especialmente quando confrontadas com questões de opressão.
O cria-corpo nos lembra que a criatividade é uma experiência completa que envolve a mente, o corpo e a história desse corpo. É uma abordagem que nos encoraja a estar mais conectados com nós mesmos e com o mundo ao nosso redor, explorando como nossa expressão criativa é moldada e aprimorada por nossa experiência física e emocional.
Sendo assim, na busca pela cria-atividade, não se trata apenas de seguir dicas ou adotar métodos específicos, mas sim de compreender o processo dinâmico e interconectado. Ela não é limitada a uma única mente brilhante, mas é construída coletivamente, resultando em uma atividade conjunta que molda espaços, pessoas e ideias. Portanto, ao contrário da crença de que só alguns são privilegiados com a criatividade, todos podem participar da criação coletiva e contribuir para um ambiente criativo e diversificado.
Aula gravada na disciplina Psicologia 1 do Bacharelado em Design da UTFPR.
O segredo da criatividade no design [MP3] 27 minutos
]]>Nesta aula, o assunto é a importância de incorporar a pesquisa e o pensamento crítico no processo de design. O objetivo é motivar os designers a não apenas criar visualmente, mas também a se tornarem "designólogos" capazes de desenvolver o design além das convenções atuais. Isso envolve desafiar limites e inovar na disciplina.
O texto explora a filosofia de Álvaro Vieira Pinto, que argumenta que o Brasil deve se concentrar em ações práticas e não apenas em questionamentos filosóficos. Questões como colonialismo, preconceito e desigualdade se tornam cruciais para o design brasileiro, influenciando a criação de produtos e tecnologias.
A reflexão sobre o papel do designer em influenciar a percepção do mundo é abordada, incluindo o uso de tecnologias que carregam estereótipos inconscientes. Além disso, são exploradas diferentes abordagens de design, tanto éticas quanto exploratórias, com exemplos práticos de como pensar o processo criativo e refazer a colaboração.
No contexto brasileiro, o texto também conecta o design com a política e a identidade nacional, ilustrando como as decisões de design podem ser políticas e refletir a dinâmica sociocultural do país. Ele conclui enfatizando que o design é um campo em constante evolução e que incorporar pensamento crítico, pesquisa e ações conscientes é essencial para criar um design mais inclusivo, ético e inovador.
Gravação de aula realizada durante a disciplina Metodologia da Pesquisa, do curso de Tecnologia em Design Gráfico, UTFPR.
Por que pesquisar e não só fazer design? 1hr 03min [MP3]
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